“Podemos dizer que falhar não é opção, mas às vezes falhar é a inevitabilidade”

Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, abriu mais uma edição da IT Insight Talks com uma apresentação dedicada à continuidade de negócio, com foco na importância da perceção das falhas e no uso do tempo e da comunicação a favor da recuperação

“Podemos dizer que falhar não é opção, mas às vezes falhar é a inevitabilidade”

“Quanto maior for o tempo para recuperar, maior é o custo”. Este foi um dos motes da apresentação de Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, no âmbito de mais uma IT Insight Talks, que decorreu no Fórum Tecnológico Lispolis, em Lisboa.

Com o tema Business Continuity em discussão, Henrique Carreiro começou por esclarecer que a continuidade de negócio pressupõe um conjunto de circunstâncias a ter em consideração, como é o caso de desastres naturais, questões processuais e até mudanças relacionadas com fornecedores, num mundo cada vez mais conectado.

O Diretor da IT Insight sublinhou que os custos de um incidente tendem a aumentar com o tempo, nomeadamente quando há uma perceção tardia sobre os incidentes, logo, uma recuperação também ela tendencialmente mais lenta. “Nada disto é paperwork. Podemos pensar que temos isto no papel, mas nada vai funcionar se, na prática, não forem feitos outros processos”.

Prevenção é difícil, mas perceção das falhas é grave

Numa semana marcada pelo incidente da AWS, que afetou a região US-EAST-1 e que impactou os mais diversos serviços na internet, Henrique Carreiro relembrou alguns dos exemplos de interrupção de serviço que afetaram algumas empresas este ano, como foi o caso da Jaguar Land Rover, cujas linhas de produção foram atacadas; o ataque à Marks & Spencer, que colocou parte das lojas offline e obrigou a empresa de comércio britânico a regressar ao pagamento manual; e o caso do incêndio num data center sem backup na Coreia do Sul que culminou na perda de uma elevada quantidade de dados.

O Diretor da IT Insight sublinhou que a prevenção para os casos exemplificados “é difícil”, não existindo uma “ciência exata”. No entanto, apesar das mais diversas origens das interrupções, a pressão mantém-se e o tempo é o fator central na hora de recuperar.

Usar tempo e a comunicação a favor

Ao encarar um problema ou um incidente, o tempo adquire um peso relevante na balança. “Tem de haver uma forma de sermos alertados para o facto de a falha estar a acontecer”, reiterou Henrique Carreiro, que aponta para um possível conjunto de sistemas que podem auxiliar na deteção. “Outro ponto importante é o tempo que conseguimos recuperar – não o serviço todo, mas um mínimo operacional”, frisou.

Aliado a este tema, Henrique Carreiro destacou a importância de existirem planos de comunicação que entram para a equação da continuidade de negócio para garantir uma comunicação constante em caso de falha. “Há casos em Portugal em que levamos horas e dias e em que estamos completamente ‘às escuras’ em termos de comunicação. A nível de cultura nacional, ainda não chegámos a esse ponto”.

Falhar de forma mais segura

Em caso de falha, o especialista considera que deve existir “um mínimo de qualidade” perante a mesma, com a implementação de um plano B, que não passa necessariamente por garantir o total funcionamento dos serviços, mas sim um serviço que, embora mais reduzido, forneça garantias de segurança. Outro dos pontos elencados para garantir a continuidade de negócio passa pelo improviso e pela preparação prévia, com decisões pré-aprovadas para os mais diversos cenários: “Podemos dizer que falhar não é opção; mas às vezes falhar é a inevitabilidade”, relembra.

Na preparação dos planos de continuidade de negócio, Henrique Carreiro afirma que é igualmente necessário garantir uma rede de fornecedores e compreender junto dos mesmos “os ritmos de atualização e os planos B em caso de falha”.

Os não-negociáveis na recuperação

O Diretor da IT Insight considera que é necessário olhar para “os mínimos” que têm de continuar a funcionar perante uma falha e perceber como é que vão operar. A visão passa por tirar os procedimentos do papel e realizar testes em tempo real de forma a compreender o seu real funcionamento. O padrão de não-negociáveis em caso de recuperação deve incluir a nomeação de um responsável ao nível dos serviços críticos; um modo seguro que garante o mínimo necessário ao funcionamento e uma solução alternativa testada; um bypass com visibilidade para números, nomeadamente o ritmo de recuperação; e atualizações ritmadas aos clientes, mesmo que as notícias não sejam animadoras.

“Têm de existir processos pré-aprovados. Se tivermos esta ideia presente e se estiver determinado quem faz o quê quando acontecer o inevitável, o negócio não está necessariamente seguro, mas há uma calma maior que, ainda assim, não deve esconder a preocupação. Contudo, não devemos viver em circunstâncias de crise permanente”, conclui Henrique Carreiro.

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