No espaço de pequeno-almoço do ibis Styles Marquês de Pombal, uma parede inspirada num jardim dá origem ao “Rethink Your Style”, um projeto que combina sustentabilidade e tecnologia num ambiente funcional, promovendo economia circular e mudança de mentalidades
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A Epson juntou-se ao grupo Accor para testar novas formas de tornar o design de interiores e a produção têxtil mais sustentáveis. O projeto ganhou forma no espaço de pequeno-almoço do ibis Styles Marquês de Pombal, onde uma parede inspirada num jardim serve de base ao “Rethink Your Style”, uma proposta que combina tecnologia, materiais responsáveis e economia circular num ambiente funcional. Paulo Lopes, diretor do hotel, aponta que este é o “único hotel em Portugal com este projeto”. Esta jornada de dois anos – que culminou na remodelação da zona de pequeno-almoço deste hotel em Lisboa e de outro em Barcelona – mostrou que, na hotelaria e no design de interiores, é possível transformar resíduos plásticos retirados do oceano em soluções de design sustentável. O projeto foi construído sobre uma lógica de reutilização de materiais e de tecnologias de impressão de menor impacto, com o objetivo de acelerar a transição para modelos de produção mais responsáveis no setor têxtil, no design e na personalização de espaços. Para Laura, Brand Marketing Manager Portugal e Espanha da Accor, a hotelaria económica pode adotar soluções sustentáveis sem comprometer conforto ou experiência, e este piloto confirma essa possibilidade ao demonstrar que “a criação de novos hotéis pode estar baseada em soluções sustentáveis e, ao mesmo tempo, responder às necessidades dos clientes”. Nesta narrativa colaborativa entraram vários parceiros, entre eles a Epson, cuja tecnologia de impressão tornou viável a vertente sustentável que sustenta todo o conceito. Tecnologia ao serviço da sustentabilidadeA Epson apresentou esta iniciativa como parte de uma estratégia a longo prazo para reduzir o impacto ambiental da tecnologia de impressão e acelerar a adoção de soluções mais responsáveis no setor. Pilar Codina, Corporate Sustainability Manager da Epson, recordou que a empresa trabalha com a meta de, nas suas palavras, “conseguir em 2050 ser livre em emissões negativas”, um objetivo que exige investimento, inovação e a capacidade de pensar de forma diferente. Ao explicar as escolhas tecnológicas do projeto, sublinhou ainda que “com a impressão reduzimos a água e os resíduos” e que as tintas utilizadas “são à base de água, cumprindo com todas as normativas da União Europeia”, um ponto que considera essencial para demonstrar ao mercado que existem alternativas mais eficientes e sustentáveis à produção têxtil tradicional. Raúl Sanahuja, Press e Social Media Manager para Portugal e Espanha, descreveu o projeto como uma demonstração prática de como a tecnologia da Epson pode reduzir o impacto dos processos de impressão no setor têxtil. Recordou que a empresa tem “aportado uma tecnologia capaz de imprimir diretamente sobre tecidos para elaborar estes novos desenhos que deram uma nova vida aos dois hotéis”, sublinhando que o objetivo passa por evitar métodos que “contaminam” ou geram resíduos desnecessários. Para o responsável, a chave está na capacidade de garantir um “menor impacto na hora de imprimir sobre materiais reciclados e upcycled”. O papel da colaboração no avanço do projetoA palavra de ordem foi colaboração, um modelo que só funciona graças a todos os parceiros ao longo da cadeia de produção, incluindo as alunas da Lisbon School of Design. Joana Brito, professora no curso de Design de Interiores da LSD, sublinhou que “este projeto colaborativo foi um desafio em várias vertentes, porque todo o desenvolvimento, desde o conceito até à sessão final, foi pensado para refletir o tema do jardim e a conexão com a natureza”. François Devy, Managing Director da Seaqual Initiative – empresa dedicada à limpeza dos oceanos –, reforçou que “é muito importante que os designers entendam todo o ciclo de vida do produto, desde o uso de materiais circulares até à possibilidade de reparar, substituir ou reciclar partes no final do ciclo”. Em matéria de sustentabilidade, segundo Pedro Norte de Matos, co-fundador do Greenfest, “Portugal perdeu um terço da água usada, desperdiçou um terço da comida e tem pouca eficiência energética nos edifícios habitacionais”, numa altura em que se encontra abaixo das métricas de reciclagem a nível europeu. O responsável também sublinhou a importância de considerar todo o ciclo de vida dos produtos, de modo a contrariar aquilo a que chamou de “obsolescência programada – criar produtos para durar pouco”. O economista apontou, no entanto, que “é possível viver em desperdício zero”. |