2016, odisseia na Cloud

2016, odisseia na Cloud

No início da década de 90, falávamos de centros comercias e o comércio tradicional, até aí o principal local onde eram feitas as compras, sofria o primeiro impacto da mudança no seu modus operandi. Com o aparecimento da internet, termos como "e-mail", "e-learning" e, sobretudo, "e-commerce" começaram a fazer parte do nosso léxico diário.

A internet, a maior montra de produtos e serviços, coloca tudo à distância de um clique. Nessa altura, no início dos 90, o comércio tradicional e as empresas que “teimavam“ em resistir sofriam o derradeiro impacto. A internet foi o grande driver de mudança do século XX: alterou não só o dia-a-dia das pessoas mas também das empresas. Hoje, a internet é uma commodity e, como tal, a sua presença é dada como certa e fundamental. Temas como fidelização, publicidade direcionada ou simplesmente "likes" numa rede social começaram a ter um impacto muito importante nas empresas e na sua estratégica comercial. O objetivo: aumentar o NFR (Net Promoted Share) para mais tarde melhorar o Sales Hit Rate (SHR) sem descurar, claro está, a Customer Experience (CX).

Conceitos como mobilidade e ubiquidade são hoje o grande driver do momento, a agilidade e o time to market são cada vez mais um fator diferenciador. Para tornar possível a mudança de paradigma, é necessário desenvolver plataformas tecnológicas que sejam capazes de colocar essas funcionalidades ao dispor das pessoas e também das empresas. É aqui que se começa a falar de Cloud Computing e Digital Transformation.

 

Disrupt or be disrupted. That’s the mantra

A cloud está aí e veio para ficar, a transformação é inevitável. Trata-se de uma revolução e não de uma evolução. Como se vai fazer a mudança para a cloud, será pública, privada, híbrida, será por intermédio de SaaS, PaaS, ou IaaS? Qual o serviço que uma empresa deve colocar na cloud? Será a cloud o melhor local para Backup ou Disaster Recovery? Estas questões vão ser no futuro motivo de muitas reuniões, brain storms e, em alguns casos, dores de cabeça.

A cloud permite alcançar economias de escala e reduzir os custos operacionais, resultando desta adequada combinação vantagens competitivas importantes. Ao longo deste percurso de mudança, as empresas vão encontrar uma disparidade de soluções por parte de vários Cloud Service Providers (CSP). A escolha da melhor solução será influenciada por vários fatores. O que hoje é a escolha mais acertada poderá não ser a melhor amanhã. Mais do que cloud pública ou privada, a solução passará por ambientes multicloud, para fazer face a diferentes necessidades - Different Clouds for Different Crowds. É aqui que a cloud nos coloca mais um desafio, e que obriga não só a pensar na mudança, mas também na gestão das várias clouds. Vai ser necessário definir processos e desenvolver ferramentas de cloud management e cloud application migration.

Atualmente, nenhuma empresa pode estar no mercado sem uma estratégia de cloud e sem ferramentas que lhe permitam obter informação para poder tomar decisões sobre qual o melhor caminho a seguir. A mudança para a cloud não pode ser unicamente tecnológica ou de modelo de negocio, CAPEX versus OPEX, tem que ser mais profunda e estratégica. A estratégia de cloud será importante no momento de decidir a melhor solução e o melhor cloud service provider.

 

Segurança, Confidencialidade e Compliance

A segurança e a confidencialidade dos dados são talvez o ponto mais crítico na escolha e definição de estratégica da cloud. O valor e as economias de escala que se conseguem obter com este tipo de soluções são de tal forma interessantes e com um impacto tão grande para o Line of Business (LoB) que, ficar fora da cloud, é a pior de todas as decisões. Evitar o cloud lock-in, ou seja, não ficar refém de protocolos proprietários, que impeçam no futuro a evolução para outra plataforma que melhor se adapte às necessidades e caraterísticas negócio é determinante.

A regulação ainda tem um longo caminho pela frente no sentido de harmonizar a legislação comunitária (e não só) e estabelecer normas para boas práticas de cloud governance. Além dos fatores legais e ambientais, como as catástrofes naturais, a proximidade e a qualidade das ligações ao data center onde reside a infraestrutura de cloud, passam também a ser decisivos, uma vez que as aplicações críticas de negócio são dependentes dos tempos de resposta e afetadas pelo jitter ou o delay resultantes das menores condições da rede.

 

Aplicações e Developers

De acordo com a 451 Research, nos próximos três anos 75% das aplicações das empresas vão estar na cloud. Esta mudança vai obrigar os IT Managers e os developers (DevOps) a prepararem soluções na cloud para dar resposta aos desafios apresentados por parte dos clientes. Esta necessidade não se coloca só nas empresas de base tecnológica. Uma das empresas que mais developers contratou nos EUA foi o JP Morgan Chase, um banco...

As clouds híbridas serão a melhor forma de acelerar esta transformação. As clouds privadas, apresentam grandes vantagens ao nível da segurança dos dados e no controlo que se tem sobre os mesmos. No entanto, não conseguem competir com as clouds públicas ao nível do time to market e do continuous delivery. "Speed is non negociable". Se um cliente tiver que esperar muito por um determinado produto ou serviço, vai procurar outro fornecedor.

 

Cloud Automation and Cloud Management

As plataformas de cloud não são monolíticas. A velocidade desta revolução é tal que obriga a constantes afinações e alteração de prioridades, ferramentas self-service e self provisioning tem que fazer parte da oferta de qualquer cloud provider por forma a poder oferecer ao cliente o melhor que a cloud pode proporcionar: a flexibilidade.

O software é uma parte cada vez mais importante, o time-to-market é menor e mais exigente, o efeito surpresa dura cada vez menos e é nesse sentido que o continuous delivery tem que ser encarado como aspeto prioritário. A velocidade de atualização terá que ser superior.

A cloud representa um novo desafio para o profissionais do IT. Os programadores (DevOps) pressionados pelo Line of Business, por sua vez pressionados pelos clientes, anseiam por rapidez no momento de aceder a ferramentas para produzir e disponibilizar novas aplicações ou novas funcionalidades. Os IT managers, responsáveis por disponibilizar e gerir a infraestrutura onde vão correr essas aplicações, têm que garantir a performance desejada e o suporte necessário, tendo menos tempo para realizar os testes habituais antes desta ir para produção. É assim normal que, para dar uma resposta rápida, os developers tenham necessidade de recorrer a serviços de clouds públicas para disponibilizar as aplicações, sob pena de falhar no capítulo da customer experience. Esta nova realidade vem colocar um novo desafio no sentido de saber como é que se gere um ambiente multi cloud sem comprometer as políticas de segurança e de governance definidas pela empresa. Segundo a Forrester, a melhor solução passa por arranjar uma forma de ambas conviverem em simultâneo, alterando assim o paradigma da gestão das infraestruturas e do delineamento das funções de gestão.

 

Big Data e Cloud Analytics

A quantidade de informação que hoje é produzida é muito superior à que se imaginaria no passado e o seu crescimento é exponencial. Ferramentas de Cloud Analytics, Predictive Analytics e Risk Analytics serão elementos poderosos para qualquer empresa, no sentido de antecipar tendências, identificar comportamentos e definir estratégias. Conceitos como behavioral data vão ser fundamentais no momento de conquistar clientes e assim fazer crescer o negócio.

Os atuais clientes e os futuros (millennials) estão mais conetados do que nunca e com acesso à informação a qualquer momento. Ferramentas de customer analytics e algoritmos de behavioral data vão dizer quem são os clientes, o que é que eles fazem, o que pretendem e como é que se conquistam. Estando na posse desta informação, será possível criar experiências personalizadas por forma a fazer crescer o seu negócio e reduzir o customer churn.

 

O futuro

Parte desta mudança já aconteceu e, neste momento, já se fala em Cloud 2.0 ou, como a Gartner refere, a segunda vaga de inovação. No início, as soluções de cloud estavam focadas unicamente em disponibilizar a infraestrutura aos clientes, isto é, poder de computação sob a forma de renda mensal ou, noutros termos, IaaS. Aqui, o custo era o principal driver no momento de decidir qual a solução e o service provider. O futuro será centrado em dois aspetos fundamentais, na experiência de utilização (cliente) e nas aplicações disponibilizadas (application centric). Ficando a componente de infraestrutura apenas para os serviços de backup e Disaster Recovery (DR).

A cloud irá sem dúvida ter um papel de destaque no processo de Digital Transformation, que vai estar na agenda das empresas. De acordo com a Channel Insider, 9 em cada 10 empresas de research consideram as clouds híbridas fundamentais para a estratégia do negócio das empresas. A simplificação que a cloud poderá aportar vai permitir que as empresas libertem recursos para projetos estratégicos e de valor acrescentado.

Outros aspetos importantes que certamente vão contribuir para a proliferação de arquiteturas de cloud são a IoE (Internet of Everything) e a IoT (Internet of Things). Em 2030, de acordo com a Cisco, haverá 215 mil milhões de equipamentos conectados à internet. Se tivermos em conta as previsões que apontam para em 2030 haver uma população mundial de 8,3 mil milhões de pessoas, teremos em média 26 equipamentos por habitante!

Haverá na cloud espaço para todos os providers ou o "winner takes it all? Neste caso, haverá, como sempre aconteceu nas TI e SIs, de tudo. Haverá empresas que vão reinventar-se, outras que vão ficar pelo caminho e outras adquiridas por empresas maiores, os incumbentes. Uns vão seguir o caminho da especialização, em SaaS, PaaS ou IaaS, ao passo que outros vão complementar a oferta destes com ferramentas de cloud management, cloud analytics e big data de forma a acrescentar valor e facilitar a gestão das várias infraestruturas de cloud.

As clouds vão continuar a dar resposta e a adaptar-se às novas necessidades do mercado e dos clientes. Áreas como Machine Learnig Algorithms, Cognitive Computing e Artificial Intelligence vão ser importantes no sentido de reinventar e definir novas tendências no mercado.

"To Infinity and Beyond..."


Daniel Vilabril 

Presales Solutions Architect da Cilnet
 

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