O rápido e incessante desenvolvimento tecnológico que testemunhamos hoje não é apenas uma transformação ao nível de ferramentas e processos, é também uma profunda redefinição do perfil dos profissionais que atuam no centro desta mudança. As recentes ascensões das plataformas de Low-Code e dos avanços em Inteligência Artificial estão entre os principais motores desta alteração, desafiando os paradigmas tradicionais e exigindo um novo conjunto de capacidades e competências
As plataformas de Low-Code, que permitem o desenvolvimento de aplicações por meio de interfaces gráficas intuitivas e com mínimo uso de codificação manual, estão a democratizar a criação de soluções tecnológicas. Esta democratização não apenas acelera o processo de desenvolvimento de software, mas também torna a tecnologia acessível a um espectro mais alargado de profissionais. Agora, pessoas com formação em áreas não técnicas podem conceber, implementar e disponibilizar soluções sem a necessidade de dominar nenhuma linguagem de programação em particular. Os impactos resultantes são profundos, pois as fronteiras entre os profissionais técnicos e não técnicos diluem-se, colocando-se, agora, uma maior ênfase em competências como design de soluções, coordenação de equipas e conhecimento do negócio. A Forrester estima que o mercado de Low-Code poderá aproximar-se dos 50 mil milhões de dólares até 2028 e a Gartner prevê que, até 2026, cerca de três quartos de todas as novas aplicações serão construídas utilizando tecnologias de Low-Code. Paralelamente, a Inteligência Artificial continua a ser um campo de rápido crescimento, influenciando desde operações de IT até estratégias empresariais. Com sistemas que aprendem, adaptam-se e potencialmente operam de forma autónoma, o perfil do profissional de tecnologia inclina-se cada vez mais para especialistas que não só dominam algoritmos de regressão e classificação, mas que também possuem conhecimento relevante do negócio e fortes competências em gestão de dados e integração de sistemas. Para além disso, a capacidade de colaborar com agentes inteligentes e de entender as implicações éticas resultantes serão, em breve, tão cruciais quanto as capacidades técnicas tradicionais. A Gartner prevê que, até 2025, a IA gerativa será um parceiro de trabalho para 90% das empresas em todo o mundo e a Forrester estima que o mercado de IA gerativa crescerá 36% anualmente no resto da década. Esta evolução está também, paulatinamente, mas inevitavelmente, a moldar o sistema educativo e formativo nacional. As instituições de ensino estão a adaptar os seus currículos para incluir competências essenciais em tecnologias emergentes, tornando-os mais modernos e mais adequados às necessidades da sociedade do futuro, uma sociedade onde as tecnologias deverão, necessariamente, colaborar com outras áreas do conhecimento. Além disso, a aprendizagem e a formação contínua torma-se, cada vez mais, componentes essenciais para qualquer profissional da área de tecnologia, dada a velocidade com que as inovações são introduzidas no mercado. O setor tecnológico ultrapassou já o ponto de inflexão, onde novas tecnologias e paradigmas estão não só a transformar o que os profissionais de tecnologia fazem, como estão também a redefinir como e por quem o trabalho é realizado. Em resposta, as organizações devem reavaliar as suas estratégias de recrutamento e de desenvolvimento de talento, enfatizando a diversidade de competências, a polivalência de atuação e a adaptabilidade dos profissionais. Como consequência, para prosperar nesta nova era tecnológica, os profissionais de tecnologia devem adaptar-se rapidamente, não apenas mantendo as suas competências técnicas atualizadas, mas também desenvolvendo e adequando competências interpessoais e estratégicas. Precisarão, agora, ser não apenas implementadores de tecnologia, mas também ativos adaptáveis, capazes de navegar a complexidade de um ambiente em constante evolução. As mudanças estão no horizonte, não apenas ao nível da tecnologia, mas também no fundamental perfil dos profissionais que moldam e são moldados por estas mesmas tecnologias. O futuro do trabalho na área de tecnologia será caracterizado por uma interseção cada vez maior entre tecnologia, negócio e dinâmicas humanas, uma tríade que definirá os líderes da próxima geração. |