Talvez uma das consequências mais relevantes deste ciclo que se iniciou em março do ano passado em torno da pandemia seja tornar visível a importância do que é, habitualmente, invisível, na vida quotidiana
De todos esses aspetos, um dos mais relevantes é os das cadeias logísticas. Não é por acaso que a Amazon, uma empresa que é, antes de tudo, um operador logístico, foi das que mais terá subido, o ano transato, em termos de capitalização bolsista. A capacidade de fazer chegar os produtos aos clientes – quaisquer que sejam as circunstâncias adversas envolvidas —, tornou-se a marca de relevo das empresas mais bem-sucedidas durante este período. Talvez seja essa uma das principais lições da pandemia. As empresas que tiverem processos robustos de vendas e de logística continuarão a ser bem-sucedidas. Às outras, não resta senão adaptarem-se a este novo ambiente competitivo. Há sinais de que as cadeias logísticas se refizeram, desde as grandes, intercontinentais, até às pequenas, as de chamada “última milha”. Exemplo do ponto em que as cadeias logísticas de grande escala foram esticadas até ao limite é o facto de que até escassez de contentores aconteceu durante a pandemia, porque os que vinham da China para a Europa não regressavam atempadamente para serem reutilizados, devido ao tempo acrescido para que os produtos fossem descarregados nos portos de destino. Por outro lado, assistimos ao aparecimento de cadeias de entrega para produtos perecíveis, já que os produtores tiveram necessidade de os escoar e os postos de venda tradicionais ficaram restritos. Até peixe passou a ser vendido online, seja proveniente dos portos de pesca do continente, seja de, por exemplo, os Açores. Não haverá retrocesso. Os hábitos de consumo mudaram. As empresas que o entendem terão sucesso nesta nova realidade. As outras, depressa sentirão a necessidade de se reinventarem. |