A próxima revolução industrial

Anos de políticas de aposta na desindustrialização do ocidente, assim o levaram: a maior parte da produção de bens de consumo que incluem semicondutores – e quais não incluem? – é levada a cabo a oriente. É certo que são desenhados no ocidente, ou parcialmente desenhados, já que os desenhos são hoje projetos conjuntos entre quem encomenda e quem produz. Mas poucos, quase nenhuns, são hoje cá produzidos. As razões para este estrangulamento são devidas aos efeitos pós- -pandemia, mas deveriam levar a uma reflexão séria sobre a redistribuição da capacidade produtiva, numa altura em que a produção depende cada vez menos da existência de uma força de trabalho extensa, como há apenas algumas décadas, e cada vez mais da tecnologia e da automatização. Ora é altura para pensar como a quarta revolução industrial – em curso – ou uma eventual quinta, que se venha a seguir, permitirá evitar que situações como a atual se venham a repetir, com tais constrangimentos.

Não há bala de prata, não há uma solução fácil ou imediata para o problema da produção – nomeadamente das indústrias de TI – no ocidente. Não acontecerá de um dia para o outro. Mas mal iríamos, depois de tal chamada à realidade, se tal oportunidade não servisse pelo menos como motor de uma reflexão sobre o renascer de uma nova capacidade produtiva no espaço europeu. Sim, aproveitando todas as lições sobre os fatores que levaram à ascensão e queda de uma capacidade passada. Mas sobretudo olhando de novo para a indústria como um ativo estratégico, não menos importante do que a produção energética ou – no limite – do que a defesa e a segurança interna.