Jared Cohen, CEO da Jigsaw, na Alphabet, casa mãe da Google, falou num mundo híbrido, onde às estratégias militares físicas se juntam agora as digitais, mais difíceis de travar
Estamos a mover-nos para uma era de tecnologia ubíqua, mas há sinais vermelhos.
“Em 2020 vamos ter mais smart devices a circular do que toda a população do mundo”, disse o CEO da Jigsaw, incubadora de inovação da Alphabet, Jared Cohen, no palco principal da Web Summit.
É cada vez mais difícil para os governos perceber como se sentem os cidadãos, porque temos hoje diversas identidades digitais, o que dificulta a tarefa dos governos.
Conclusão: “As revoluções são mais fáceis de iniciar e mais difíceis de travar”, referiu. Hoje as nações mais poderosas não o são somente pelo poder físico, mas também pelo digital, o que significa que países como a Coreia do Norte e o Irão conseguem impor-se como ameaças. Neste mundo híbrido os países têm duas politicas externas: uma para mundo físico e outra para o digital, “nem sempre consistentes”, disse, com a relação digital a ser, por norma, mais tensa.
Cohen enumerou as táticas a que os governos recorrem, neste novo contexto: fake news, o equivalente à propaganda; patriotic trolling, ou o financiamento do cyberbulling; e paramilitares digitais, contas fictícias criadas pelos governos para monitorizar conversas e interagir com os cidadãos sem que eles saibam com quem estão a falar.
Jared Cohen disse ainda que “não existem regras neste mundo híbrido”, onde a dissuasão é praticamente inexistente. Apesar de “não existir uma grande panaceia”, advertiu, existe sim a possibilidade dos Estados e das organizações privadas apostarem em estratégias de ciber higiene como forma de melhor proteger os cidadãos. A própria Google está a fazê-lo, recorrendo a analytics para avaliar as pequisas que envolvem o Estado Islâmico e o seu conteúdo de propaganda, com o objetivo de dissuadir eventuais alistamentos. Porque, como referiu, “a toxicidade online antecede a violência”.