COTEC Europa reflete sobre o Work 4.0

Subordinado ao tema “Work 4.0: Rethinking the human-technology alliance”, o XII Encontro Cotec Europa contou com a presença de três Chefes de Estado

COTEC Europa reflete sobre o Work 4.0

Os painéis de discussão contaram com a participação de líderes empresariais dos três países, representantes das esferas académicas, sociais e políticas, em diálogo sobre os desafios, riscos e oportunidades inerentes à transição em curso para um contexto económico e social dominado por novas formas de colaboração e ligações entre pessoas e máquinas inteligentes.

O Encontro COTEC Europa 2018 ocorreu num contexto favorável da Economia mundial, europeia e dos países da COTEC. Aos indicadores de desempenho económico, junta-se a subida crescente dos índices de confiança e índices de desemprego em declínio. Estão, por isso, criadas condições para um salto qualitativo protagonizado pela aplicação consolidada das tecnologias digitais no contexto da Revolução Industrial 4.0. O sucesso desta transição será determinado à força da economia e ao equilíbrio que se consiga estabelecer entre a economia e as aspirações dos cidadãos e das sociedades. A Transformação do Trabalho é um problema complexo do qual as questões de qualificação e reconversão de competências constituem apenas um dos fatores que o compõem. Para a compreensão cabal do desafio é necessário tomar uma visão sistémica das aspirações e necessidades dos diferentes atores para uma gestão da mudança comportamental nas organizações e nas sociedades.

Manuel Caldeira Cabral, Ministro da Economia, afirmou na abertura do evento que “esta revolução da digitalização está já a trazer fortes mudanças às empresas, à forma como trabalham e à organização do trabalho”. No entanto, para o Ministro da Economia, “há uma noção bastante clara de que muitas das mudanças estão a acontecer em áreas piloto, estão a acontecer em algumas empresas, mas vão-se generalizar a muitas mais. E estão a acontecer ainda apenas até um certo ponto, tendo um potencial muito maior para desenvolvimento”.

Ao mesmo tempo, sublinhou que as políticas públicas devem privilegiar a capacitação dos trabalhadores para beneficiarem do avanço das novas tecnologias em detrimento de regulação que limite a chegada destas tecnologias ao mercado. A Secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann, fez um balanço positivo do primeiro ano da estratégia nacional para a Indústria 4.0.

Os diretores-gerais das organizações COTEC enquadraram o tema do evento. Segundo Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal, “para terem as preferências dos clientes, as empresas precisam de responder cada vez mais depressa e com melhor qualidade nos produtos e serviços. Hoje, as expetativas de desempenho são cada vez maiores, o standard de serviço é o de empresas como a AMAZON e é por ele que os clientes medem a qualidade de todos os outros. Têm assim que funcionar em regime de resposta instantânea”. Acrescentou ainda que “para funcionarem numa escala de tempo cada vez mais curta sem aumentar o stress, angústia e sensação de perda de controlo, é preciso que as pessoas, a todos os níveis da organização, se sintam capacitadas com clareza de objectivos, autonomia, meios e consequente responsabilidade por funções com esferas de âmbito crescente”.

O diálogo entre um futurista, um humorista e um sociólogo permitiu confrontar as perspectivas de Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico, Carvalho da Silva, sociólogo e investigador, e Eduardo Madeira, humorista e argumentista. O futurista definiu o palco tecnológico e de campos de inteligência humana e artificial, em que poderá decorrer a vida das sociedades, das pessoas e das suas comunidades. O humorista exprimiu criativamente o pensar e sentir do homem comum europeu de 2018, da linguagem da rua, refletindo o estado de consciência digital, as aspirações e os medos.

No painel dedicado à experiência empresarial, com participação de Pedro Rocha e Melo, vice-presidente da Brisa, José Manuel González-Paramo, administrador executivo do BBVA, e Cristiano Camponeschi, partner da Deloitte, foram discutidos os casos concretos de transformação digital para adaptação às exigências do mercado, incluindo o ambiente de trabalho e a preparação das pessoas para novos processos de negócio.

Na sessão institucional, a Comissão Europeia esteve representada pelo Comissário para a Investigação, Ciência e Inovação. Carlos Moedas sublinhou os fossos que importa vencer a prazo, nomeadamente, “na interseção do digital com o físico” e entre os EUA e a UE, em termos de comercialização da tecnologia de última geração. Para o Comissário, “o maior ativo na Europa é a diversidade”. “Hoje, não podemos inovar sem diversidade. E isso vejo-o em qualquer país. A Finlândia está a mudar o sistema de Ensino com esta interseção. É um mundo onde temos de ensinar as pessoas a não terem medo”, afirmou.

O Presidente da COTEC Portugal, Francisco de Lacerda, destacou a ideia de que “esta é uma revolução de pessoas. E é de pessoas que hoje se fala. As pessoas são e continuarão a ser o capital mais importante das empresas e das sociedades. Empresas que estarão num estado de permanente necessidade de transformação, para a qual todos temos de nos preparar e adaptar. Sem essa preparação, assistiremos a uma inevitável degradação dos ambientes de trabalho e da qualidade de vida”, rematou.

O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso de encerramento, observou que “temos de continuar a ser universais, como foi Roma, berço da nossa matriz latina. Temos de ser profundamente europeus, refazendo a União Europeia, sem hesitações e estados de alma”. Neste sentido, continuou, “é patente o sucesso das nossas empresas e dos nossos empresários. A maioria, constituída por micro, pequenas e médias empresas, enfrentando as crises do começo do século e entendendo que um novo paradigma tinha aberto um ciclo diferente na economia mundial e nas economias nacionais”. Ora, “esta economia 4.0 não exigiria uma União Europeia 4.0? Concordo que nada parará a mudança, mas ela poderá ser mais ou menos rápida e mais ou menos justa” – questionou o Presidente.

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